segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Um passeio pela cozinha transmontana...


Sim, o objectivo deste post é deixar-vos a salivar e imaginar os deliciosos pratos que se fazem e comem lá por cima... Mesmo quando se trazem os ingredientes lá da terrinha não é a mesma coisa, fica sempre a faltar um gostinho especial...


Uma prova de como há qualquer coisa mágica na comida que é feita no Norte é que até eu, recente tentativa de amostra de cozinheira, consegui preparar algumas refeições! Entre cabrito, galinha, bacalhau e diversas sopas que tive oportunidade de experimentar, o que mais me agradou foi o nosso cabritinho no forno acompanhado com os nossos grelinhos (esquecendo o pormenor de as batatas terem ficado cruas... mas isso foi apenas um pequeno pormenor..).


É importante notar que todos estes pratos foram avaliados por diversos "exigentes" e esfomeados juris, que aprovaram sempre (como seria de esperar tendo em conta que não havia outra cozinheira "ali à mão").


Brincadeiras à parte achei importante dedicar 1 post a esta cozinha tão característica e saborosa, na qual tive oportunidade de me iniciar nesta época de "descanso", enquanto não trabalhava ou passeava ou as 2 coisas ao mesmo tempo (que ainda era melhor!)...


Para terminar aviso já que aqueles que nos derem o prazer de nos visitar e por sorte (ou azar...) me apanharem por lá ficam desde já alertados para a possibilidade de a cozinheira ser inexperiente, desajeitada, mas empenhada! Segundo o meu paizinho quando se cozinha com amor a comida fica sempre boa... (se ficar mal já sabem porque é... não culpem a cozinheira... ;) )

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Pôr da Lua


É verdade, nesta curta semana de férias descobri algo que até então desconhecia: o pôr da Lua.


Não tive oportunidade de apreciar ao vivo a beleza deste acontecimento, devido à sua precoce hora de ocorrência. Mas o meu pai, como bom madrugador, antes de se ocupar das suas tarefas pastorís teve o privilégio de apreciar e fotografar este mágico pôr da Lua.


Acredito também que esteja favorecido pela beleza natural desta paisagem transmontana. Fala-se muito do pôr do Sol e do nascer do Sol, mas realmente não se pode de todo desprezar este incrivel pôr da Lua.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

"Não há luar como o de Janeiro, mas logo vem o de Agosto que lhe dá no rosto!!"


Esta foi a mensagem que retive destas curtas férias transmontanas.
O luar de Agosto é fenomenal!!
No dia em que chegàmos, após o jantar, ainda fomos visitar o nosso gado (como bons pastores preocupados).
Depois de alguns instantes de adaptação à luz natural da noite, (eram já 21h), , parecia que tínhamos um holofote apontado na nossa direcção vindo do céu.
A lua estava enorme e brilhante.
Viam-se perfeitamente as sombras das cabras desenhadas no chão.
Os nossos cães (Cão de Gado Transmontano) saudaram-nos calorosamente também com as suas sombras numa dança nocturna...
Foi uma noite de luar memorável.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Queen



É com grande desgosto que venho partilhar convosco o desaparecimento da nossa Queen.
A Queen era uma cadela de raça Cão de Gado Transmontano. Era o nosso único canino de raça pura...

A Queen era uma cadela super meiga, apesar de só recentemente ter ultrapassado o medo de brincar com os humanos, pois os primeiros meses da sua vida foram vividos junto de humanos pouco dados a meiguíces... (sim, porque não é só qualidades.. o pessoal do norte também tem uns "costumes" algo primários, nem sempre de louvar...)

O que terá acontecido à Queen?
Há quem pense que comeu algo pouco saudável destinado ao seu primo lobo... (a velha e eterna guerra entre os pastores, os lobos e o Estado...)
Ou talvez tivesse sido uma ferida infectada que a tivesse deixado sem forças no meio do pasto... ( o que já não seria a primeira vez...)

Tenho pena que ninguém se tenha preocupado com o seu desaparecimento com mais antecedência, podia ser que ainda a tivessem encontrado com vida... mas não existem mais Zé Marias em São Pedro que se levantem às 5h da manhã para irem procurar uma simples cadela desaparecida..

Enfim, citando o nosso jamais esquecido ancião Ti Chico, "Mas Que Infelicidade..."

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Desculpem a Nossa Ausência...

... mas na verdade tem sido complicado dedicarmos algum tempo a este blog.

No entanto, tenho novidades!! ;)

Estamos a elaborar um site onde serão divulgadas todas as actividades relacionadas com as nossas cabras, desde o seu pastoreio até à elaboração de queijos, passando pelo nascimento dos cabritinhos.

O site que se encontra em construção não irá substituir este blog, funcionando ambos em simultâneo, mas com propósitos diferentes.

O site fica, deste modo, vocacionado para a divulgação das nossas actividades pastoris, enquanto que este blog fica com o objectivo de partilhar as alegrias e as amarguras deste tipo de vida campestre.

Desde já, um muito obrigada pela vossa visita e pelos comentários que têm deixado.

Assim que estiver pronto, anunciarei aqui o endereço do novo site.

Até breve.

sábado, 19 de maio de 2007

Os cabritinhos....































Uns a comer, outros a pular, outros a investigar e outros apenas a chatear... Mas de certeza sempre sem parar!

"Um Reino Maravilhoso (Trás-os-Montes)"














Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.

Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...

Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?

Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:

- Entre!

A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso.

A autoridade emana da força interior que cada qual traz do berço. Dum berço que oficialmente vai de Vila Real a Chaves, de Chaves a Bragança, de Bragança a Miranda, de Miranda a Régua.

Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.

Terra-Quente e Terra-Fria. Léguas e léguas de chão raivoso, contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve. Serras sobrepostas a serras. Montanhas paralelas a montanhas. Nos intervalos, apertados entre os rios de água cristalina, cantantes, a matar a sede de tanta angústia. E de quando em quando, oásis da inquietação que fez tais rugas geológicas, um vale imenso, dum húmus puro, onde a vista descansa da agressão das penedias. Mas novamente o granito protesta. Novamente nos acorda para a força medular de tudo. E são outra vez serras, até perder de vista.

Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá. Nas margens de um rio de oiro, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que de baixo o seca, erguem-se os muros do milagre. Em íngremes socalcos, varandins que nenhum palácio aveza, crescem as cepas como os manjericos às janelas. No Setembro, os homens deixam as eiras da Terra-Fria e descem, em rogas, a escadaria do lagar de xisto. Cantam, dançam e trabalham. Depois sobem. E daí a pouco há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo.

A terra é a própria generosidade ao natural. Como num paraíso, basta estender a mão.

Bata-se a uma porta, rica ou pobre, e sempre a mesma voz confiada nos responde:

- Entre quem é! Sem ninguém perguntar mais nada, sem ninguém vir à janela espreitar, escancara-se a intimidade duma família inteira. O que é preciso agora é merecer a magnificência da dádiva.

Nos códigos e no catecismo o pecado de orgulho é dos piores. Talvez que os códigos e o catecismo tenham razão. Resta saber se haverá coisa mais bela nesta vida do que o puro dom de se olhar um estranho como se ele fosse um irmão bem-vindo, embora o preço da desilusão seja às vezes uma facada.

Dentro ou fora do seu dólmen (maneira que eu tenho de chamar aos buracos onde vive a maioria) estes homens não têm medo senão da pequenez. Medo de ficarem aquém do estalão por onde, desde que o mundo é mundo, se mede à hora da morte o tamanho de uma criatura.

Acossados pela necessidade e pelo amor da aventura emigram. Metem toda a quimera numa saca de retalhos, e lá vão eles. Os que ficam, cavam a vida inteira. E, quando se cansam, deitam-se no caixão com a serenidade de quem chega honradamente ao fim dum longo e trabalhoso dia.

O nome de Trasmontano, que quer dizer filho de Trás-os-Montes, pois assim se chama o Reino Maravilhoso de que vos falei

( Miguel Torga )

A historia....







De origem camponesa transmontana, viria a tornar-se médico em Lisboa... Das memórias de infância, nasceu um sonho...
...uma quinta com cabras bravias, galinhas selvagens, lobos a rondar e cães de gado transmontano para proteger...!

Parecia apenas um sonho... mas ao fim de 3 anos de intenso esforço, trabalho incessante e férias como um verdadeiro agricultor conseguiu surpreender apresentando uma propriedade paradisíaca, no meio de um ambiente selvagem e natural, isolada da cidade com um número limitado de cabras bravias.

Nem tudo foi fácil e infelizmente os problemas financeiros quase que conseguiram destruir um sonho mágico. Mas, transmontano puro arranja sempre forças para seguir em frente e lutar pelos seus projectos.

Hoje em dia, não completamente estável, mas mais promissor é "pastor" de uma exploração de gado caprino, classificada como B4, a classificação máxima, pelas autoridades sanitárias competentes (única exploração B4 do concelho de Bragança) constituída por aproximadamente 144 fêmeas parideiras (tendo 200 como objectivo) e previsão de aproximadamente 200 a 250 cabritos criados por ano.

A fabricação de queijos é prática diária com o excedente de leite que os cabritos não conseguem consumir.

O gado é alimentado em pastagem livre, sem recurso a produtos químicos.
A época alta de nascimento de cabritos é entre Outubro e Maio. Para lá do bucólico, serão sempre um produto de qualidade a merecer uma comercialização de qualidade...